Perante uma matéria recente e emergente no contexto nacional, o mercado está ainda a munir-se de informação para definir um plano de ação no âmbito da descarbonização do imobiliário português, numa altura em que, quer por uma visão vanguardista dos shareholders sobre o tema, quer por pressão externa de stakeholders relevantes, é inegável que os players do imobiliário terão de se preparar para a adoção de estratégias de ESG.
A primeira etapa, aquela em que possivelmente a maior parte dos players se encontram, passa pela monitorização dos consumos de recursos e emissões de carbono dos ativos detidos dado o impacto ambiental que os edifícios têm. Esta acaba por ser praticamente obrigatória, seja por se querer adaptar o edifício aos novos requisitos do mercado, seja porque a Taxonomia Europeia obriga à divulgação da performance ESG.
Para aqueles que decidem avançar na temática da descarbonização do imobiliário, temos notado que até ao momento existe um grande foco nas certificações dos edifícios (LEED, BREEAM, WELL). Nos escritórios, as certificações são agora um dos critérios integrados na seleção de novas localizações, especialmente por parte de empresas internacionais e, como tal, passaram a ser também para os investidores um requisito no desenvolvimento de novos projetos, acreditando que serão refletidas nas rendas contratadas. Já na logística e na hotelaria, existe uma maior incidência em soluções de autoconsumo motivada pela crise energética que estamos a atravessar.
Por fim, nas componentes menos óbvias, relativas aos pilares do social e do governance, por ser necessária uma visão mais abrangente, integrada e criativa, estas encontram-se atualmente subdesenvolvidas no mercado imobiliário nacional.
Sílvia Dragomir, Research
20 de abril de 2022
Artigo publicado na Vida Imobiliária